Olá pessoal. Como estamos todos aguardando o maior filme da década, vamos respondendo perguntas e colocando outras questões sobre a adaptação do livro, os bastidores e qualquer outra coisa que nossas mentes mirabolantes continuam a criar na expectativa do dia 14 de dezembro. Lendo uma matéria no Omelete, achei interessante tudo o que os caras "pescaram" nas entrelinhas, e resolvi expor aqui. Espero que apreciem.
O tempo todo existiam duas equipes de filmagens simultâneas. A primeira dirigida por Peter Jackson e a segunda por Andy Serkis (Gollum).
Os truques de perspectiva forçada que foram usados em O Senhor dos Anéis não funcionam em 3D, então a produção teve que encontrar maneiras diferentes de colocar personagens de estaturas distintas em cena. Peter Jackson inovou mais uma vez a tecnologia de efeitos especiais, agora com algo chamado "câmera de movimento simultâneo" (slave motion cam). Essa tecnologia permite que personagens de tamanhos distintos sejam filmados simultaneamente na mesma cena, mas em estúdios diferentes. Ela foi usada, por exemplo, quando Ian McKellen (Gandalf) filmou suas cenas com os anões e Martin Freeman (Bilbo) no Bolsão. Dois sets foram construídos para sequências como essa: um normal e um pequeno, com os atores atuando separadamente, mas ao mesmo tempo, neles. A tecnologia da "câmera de movimento simultâneo" foi criada também para que Ian McKellen se sentisse "menos miserável", já que atuava o tempo todo sozinho. Agora ele usa um ponto no ouvido e pode atuar em tempo real - ainda que em outro lugar - com seus colegas, que vê através de um monitor. Devido às diferenças de estatura dos anões, do hobbit e de Gandalf, quase todas as cenas foram rodadas com o mago em outro estúdio - exceto uma que o cineasta não conta qual foi.
As filmagens duraram 254 dias.
Para os produtores, O Hobbit é mais próximo de um conto de fadas que seu antecessor, já que as motivações são um tesouro, que está guardado por um dragão. Ou nas palavras de Peter Jackson, "O Senhor dos Anéis é sobre o bem contra o mal. O Hobbit é mais um conto de fadas".
No livro de Tolkien, Bilbo não sentiu os efeitos negativos do Um Anel pois Tolkien só os inventou anos depois, para O Senhor dos Anéis. Na trilogia haverá citações a esses efeitos - que aumentarão de filme a filme. "Da primeira vez que ele o usar, o anel será apenas um anel de invisibilidade. Mas a cada vez que ele colocá-lo, seus efeitos se farão sentir mais e mais", disse Jackson.
O Hobbit usará muitos dos apêndices que Tolkien escreveu para O Senhor dos Anéis, incluindo as razões pelas quais Gandalf escolheu Bilbo para a jornada. Gandalf se recorda de Bilbo quando era criança, notando que ele tinha um apreço especial por histórias de aventura e perigo - e fica decepcionado ao reencontrá-lo 18 anos depois como um gorducho, conservador e adequado Hobbit do Condado.
Peter Jackson ficou muito relutante de assumir a direção de O Hobbit quando Guillermo del Toro deixou o cargo por causa do grupo de 13 anões, algo que o "aterrorizava". Mas ele mudou de ideia e hoje adora os desafios de dirigir tanta gente em tela, chamando-os de "a grande alegria do trabalho".
Martin Freeman prestou muita atenção à atuação de Ian Holm como o Bilbo mais velho em O Senhor dos Anéis, mas não se sentiu preso a isso ao criar seu próprio Bilbo.
O primeiro dia no set de Freeman foi a cena com Gollum (Andy Serkis) na caverna. Segundo Freeman, Peter Jackson faz uma média de seis takes por cena - normalmente devido a razões técnicas.
Gandalf será mais amável em O Hobbit que sua versão de O Senhor dos Anéis, mas isso não significa que não existam momentos intensos (as cenas com Thorin em especial - haverá uma relação ligeiramente antagônica entre os dois líderes).
Ian McKellen disse que gostaria de ver uma minissérie de televisão com umas 13 horas de duração que adaptasse o livro em cada detalhes minucioso.
McKellen também comentou que não vê muita conexão entre Gandalf o Branco e Gandalf o Cinzento - e que ele não gosta muito do primeiro. "O Cinzento é muito mais divertido e vivo". Ele garante também que o filme o mostrará menos "mandão" que o livro.
Richard Armitage, o Thorin Escudo-de-Carvalho, deixou sua própria barba crescer para o papel e não precisou usar barba postiça. O ator tem 1,88 metro e jamais imaginou viver um anão. Graças à tecnologia, ele pôde interpretar um.. ainda que Thorin seja um dos mais altos de sua raça, com 1,57 metro.
Tanto o pai quanto o avô de Thorin foram acometidos da "doença do dragão", uma obsessão letal por ouro.
A primeira cena gravada com todos os anões juntos foi a sequência do Bolsão, incluindo a canção que eles cantam.
Para Armitage imaginar a destruição que Smaug causou nas terras de seu povo, ele pensou em como seria se ele fosse um sobrevivente de Hiroshima.
O roteiro foi retrabalhado ao longo das filmagens de forma a refletir as ideias e interpretações de cada ator e as vozes que encontraram para seus personagens.
Armitage atuou com lábios cortados e sangue na boca de verdade durante uma cena longa, já que havia batido seu próprio escudo no rosto.
Matt Aitlen, da WETA Digital, disse que eles - como muita gente notou nos trailers - não redesenharam Gollum. Apenas aplicaram os novos recursos tecnológicos disponíveis, para tornar seu comportamento mais natural e realista.
Os 48 quadros por segundo exigiram da equipe de efeitos especiais o dobro de trabalho no processamento e cálculos dos efeitos especiais, mas foi apenas um trabalho braçal. O verdadeiro salto criativo foi na mudança de 2D para o 3D.
Nenhum dos elementos digitais criados para O Senhor dos Anéis foi reaproveitado em O Hobbit. O salto tecnológico em 10 anos foi grande demais.
Uma das maiores inovações técnicas desde O Senhor dos Anéis foi em relação à maquiagem. Um novo tipo de silicone usado no rosto dos anões não requer o nível de manutenção que a que Gimli exigia, por exemplo. E parece muito mais realista, além de ser resistente aos elementos e mais rápida de aplicar (uma hora contra três horas e meio). A maquiagem mais lenta é a de Bombur, que leva 1h45.
As câmeras RED Epic registram qualquer minúcia das maquiagens e quando funcionam a 48 quadros por segundo ficavam nítidas - e meio amareladas - as aplicações protéticas. Para compensar, eles adicionaram mais vermelho às maquiagens.
Devido às melhorias na tecnologia de filmagem, está cada vez mais difícil enganar o público com maquiagem e tornar as linhas que separam o corpo do que é falso e aplicado invisíveis. Para tanto, a equipe de O Hobbit emprega camadas de acrílico finíssimo e lâminas de silicone impregnadas com "corpúsculos" (pequenas células flutuantes) que refletem a luz de maneira semelhante à pele humana. Algumas dessas camadas não passam de 0.1mm. A película captura a umidade entre as lentes da câmera e o ator, ajudando a "borrar" as divisões entre maquiagem e pele. A nova tecnologia digital de alta definição ignora a umidade, exigindo esse tipo de esforço e aprimoramento das equipes de efeitos especiais.
A única tecnologia de maquiagem que permanece exatamente a mesma de O Senhor dos Anéisé a usada para as orelhas dos elfos - a gelatina. Entre 600 e 800 orelhas élficas foram criadas para os filmes.
Os novos pés de hobbit são muito melhores que os originais. Em O Senhor dos Anéis foi usada uma espuma de látex colada nos pés. Agora são quase chinelos, que podem ser vestidos e removidos ao longo do dia, para o conforto dos atores. A nova tecnologia também permite que os dedos dos pés se movam.
Todos os anões usam braços e mãos falsas, além de botas bem maiores que seus pés, para distorcer as proporções e fazê-los parecer menores na câmera. Alguns dos atores usam duas botas: uma gigante exterior e outra menor e mais confortável, dentro da primeira.
As tatuagens de Dwalin são pintadas em seus braços falsos e estampadas nas partes reais do seu corpo, como a cabeça.
Algumas das perucas custaram até 10 mil dólares.
As perucas de Galadriel, Legolas e Frodo são exatamente as mesmas que os atores usaram em O Senhor dos Anéis.
Thorin foi o anão mais difícil de criar. Ele foi o que mais foi alterado na fase de design.
A equipe de efeitos especiais de O Senhor dos Anéis realizou 500 ilustrações conceituais para a trilogia. Esse número saltou para 8000 na trilogia O Hobbit.
A equipe de design não apenas teve o desafio de individualizar cada anão, mas também precisaram acertar cuidadosamente as proporções para que todos parecessem perfeitos em tela.
Nenhum dos atores usa maquiagem prostética abaixo do nariz para manter as bocas completamente livres, valorizando suas atuações e diminuindo o tempo de maquiagem.
A individualização dos anões inclui peculiaridades como: Ori é adorado pela sua mãe e ainda usa os lacinhos que ela amarrou aos seus cabelos antes de ele sair na jornada. Dwalin é um guerreiro experiente e mostra suas cicatrizes como troféus. Dori controla o dinheiro do grupo e gosta de arrumar seu cabelo de maneira excêntrica. Bifur tem um machado orc cravado em sua cabeça, o que lhe causa um tique nervoso e alguns problemas mentais. Bombur é o mais gordo e forte dos anões e gosta de usar sua barba como uma corda para enforcar orcs. Glointem referências diversas a seu filho, Gimli, e os dois vão se parecer tanto nas roupas quando no armamento. Nori tem a silhueta mais dramática. Balin não tem bigode. Thorin é o mais simétrico e bonito de todos, devido à sua nobreza.
Jed Brophy, o Nori, interpretou vários personagens em O Senhor dos Anéis.
Quase 800 armas foram criadas para os 13 anões, cada uma para um tipo de ator específico: atores principais, dublês de escala, dublês de ação e dublês para cavalgar. Variações também foram feitas para cenas distantes e close-ups.
Muitos elementos cenográficos são feitos com impressoras 3D e melhorados manualmente, por artesãos.
O Hobbit tem um tom mais alegre em relação a O Senhor dos Anéis - e isso se reflete nas roupas.
O figurino de Gandalf é o mesmo de A Sociedade do Anel, mas ele ganhou um cachecol élfico. A roupa não é a mesma que Ian McKellen vestiu no primeiro filme, porém. Essa está guardada sob condições controladas e preservada. A WETA valoriza cada item criado dentro de suas instalações como artesanato neo-zelandês.
O visual e costumes de Bilbo foram inspirados diretamente no próprio Tolkien, já ambos, criador e criatura, segundo Peter Jackson, são "cavalheiros do campo". Há seis figurinos diferentes para Bilbo, que refletem suas mudanças ao longo do filme.
Tudo o que é visto na tela foi criado para o filme, incluindo os botões das roupas. Obviamente, com a tecnologia HD de 48 quadros por segundo, os figurinos também tiveram que ser aprimorados (ou tornados ainda mais artesanais) - uma costura moderna de máquina aparece na tela.
A minúcia no processo de fabricação das roupas incluiu preocupações como o artesanato dos anões: por terem os dedos largos e mãos gorduchas, eles são incapazes de pequenos detalhes de costura, então tudo teve que ser feito mais grosseiramente.
No livro, os anões são distinguiveis pelas cores de seus capuzes. A ideia era um tanto simplista para o filme, então essas cores foram incorporadas em elementos diversos do figurino dos 13 personagens.
Esta versão de Valfenda será muito mais colorida e brilhante, pois os anões e Bilbo chegarão à cidade no meio do verão. Em O Senhor dos Anéis eles mostram o lugar no outono.
Os reinos dos anões são projetados de forma a compensar sua baixa estatura.
O filme mostra flashbacks da cidade de Dale, que Tolkien não descreve muito no livro. O departamento de arte então buscou pistas na geografia da Terra-média. Por tratar-se de uma cidade alpina e de ter rios correndo por entre os edifícios, eles se inspiraram um pouco em Veneza. O tom é de "cidade de veraneio".
A nova tecnologia exigiu que o departamento de arte se aprimorasse no nível de detalhes de sets e objetos cenográficos. Ao invés de usar materiais como plástico para fingir uma textura, muitas vezes eles tiveram que usar materiais de verdade, mais caros. Ainda que dê muito mais trabalho, isso melhora a atuação dos atores, já que eles interagem com materiais de verdade quase o tempo todo.
O uso de uma nova tecnologia "Technocrane" - que pode colocar a câmera em qualquer ponto do set - também forçou o departamento a preencher todos os espaços dos cenários.
O maior cenário construído para Uma Jornada Inesperada é o Condado. Partes dele estavam prontas desde O Senhor dos Anéis, mas ele foi aprimorado. Assista a um vídeo que mostra o lugar e explica as novidades na construção.
Matéria originalmente publicada em: http://omelete.uol.com.br/hobbit/cinema/o-hobbit-uma-jornada-inesperada-visitamos-o-set-do-filme-na-nova-zelandia/