A viagem até a caverna levava quase um dia inteiro de caminhada. Aisha decidiu partir no fim da tarde e acampar na floresta para que chegássemos às montanhas no início do dia. Aquela escolha deixou-me bastante apreensivo, para não dizer com medo, pois ao longo dos anos muitos moradores de Atom haviam desaparecido na Floresta de Nebel nos arredores das Montanhas Luxuriantes, onde ficava Caverna de Oldrim. Os desaparecimentos sempre foram associados a acidentes de caça ou aos perigos naturais da floresta e das montanhas, no entanto, muitos acreditavam que os sumiços tinham relação com o Velho Louco. Eu relatei aquilo a Aisha, mas ela pareceu não se incomodar nem um pouco com a minha aflição.
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Além de Aisha e eu, nosso grupo era formado por mais cinco integrantes. Krieger, um homem alto e forte, era um típico soldado. Tinha cabelos castanhos raspados, olhos pequenos e uma expressão séria. Vestia uma armadura de malha que lhe cobria o tronco, os braços e terminava num saiote sobre as coxas, grossas calças de algodão num tom esverdeado, pesadas botas de couro e carregava uma espada larga nas costas. Ele parecia estar sempre atento a tudo que acontecia ao seu redor, mas ficava evidente, nas raras vezes que falava, que não era dotado de um inteligência muita elevada. Gauner, o batedor do grupo, tinha cabelos escuros, compridos na altura dos ombros, estatura mediana e era muito magro. Aisha demonstrava ter muita confiança em Gauner e os dois conversavam muito sobre as decisões que ela tomava. O batedor era o aventureiro mais experiente do grupo. Ele usava roupas simples que permitiam confundi-lo com um camponês não fosse por um corselete de couro de boa qualidade e uma dúzia de punhais escondidos em bolsos espalhados em suas vestimentas. O mais velho entre nós, um velhote chamado Greis, baixo, barrigudo, com ombros largos, que ostentava uma longa barba grisalha e alguns poucos cabelos brancos que ainda resistiam em suas têmporas e em sua nuca presos por uma trança, era um dos carregadores do grupo. E ele contava com a ajuda dos irmãos Stam e Benj, dois garotos jovens que houveram devotado suas vidas à Aisha havia dois anos, quando ela salvou os rapazes de uma pena de escravidão. O irmão mais velho tinha dezesseis anos, o mais novo apenas catorze. Ambos eram franzinos e destoavam completamente do restante do grupo. Eles pareciam mais deslocados do que eu em meio aqueles mercenários experientes com semblantes soturnos e olhares severos. Os irmãos tinham por tarefa carregar os equipamentos do grupo e auxiliar Greis no que fosse necessário.
Nas primeiras horas daquela noite nós caminhamos com firmeza e avançamos bastante em direção ás montanhas. Mas a Floresta de Nebel tornava-se cada vez mais densa e a escuridão sob as árvores era tão imperscrutável que a luz das tochas parecia minguar diante das sombras. Por isso, quando a lua já estava alta no céu, Gauner decidiu procurar um local adequado para que montássemos acampamento e então paramos. O velho Greis, depois de ser decidido que dormiríamos até o alvorecer, mandou que Stam e Benj encontrassem alguns gravetos e lenha para uma fogueira grande. Em seguida distribuiu alguns cobertores leves para todos e tratou de preparar uma refeição rápida com carne seca e farinha de milho. Krieger, Aisha e Gauner circularam as proximidades do local onde deveríamos passar a restante da noite. O batedor, ao retornar, disse ter encontrado rastros de animais nos arredores. Lobos, ele acreditava. Ficou decidido, então, que apenas ele, Aisha e o guerreiro montariam guarda e que o primeiro turno seria de Krieger.
Assim que a estranha, porém supreendentemente saborosa, comida preparada por Greis ficou pronta todos nos sentamos ao redor da fogueira e conversamos por alguns minutos. Depois da refeição e de algumas estórias sobre como Aisha e seus companheiros acabaram juntos, fomos todos dormir, com exceção de Krieger, que se afastou um pouco do acampamento e assumiu seu posto de vigia. Eu levei algum tempo até encontrar uma posição confortável no chão úmido e cheio de raízes da floresta, mas estava aquecido pela comida preparada por Greis e cheguei a imaginar que não era tão difícil viver como aqueles viajantes. A vida deles, até aquele momento parecia divertida, apesar de excêntrica. Não era, contudo, uma vida difícil. As longas viagens, os acampamentos, a falta de conforto, a comida rústica, não era um preço tão alto a pagar pela liberdade da qual gozavam. E envolto naqueles pensamentos adormeci, mas não demorou muito até eu ser despertado por um grito forte que disse, “Acordem!”. Em seguida, ainda sonolento, ouvi outro grito, desta vez um urro de dor. Levantei de súbito, olhei ao redor e fui tomado pelo pavor.
Stam acomodara-se alguns metros a minha direita e continuava lá, deitado com os olhos arregalados e com as mãos em torno do pescoço tentando conter um sangramento em sua garganta. Ele se esforçava para dizer alguma coisa, mas apenas movia os lábios sem emitir qualquer som. Ao lado dele estava seu irmão, balançando desesperadamente o velho Greis que parecia ainda estar dormindo apesar dos gritos e dos esforços de Benj. Assim que Greis acordou, virando-se para á esquerda a procura de Benj, o rosto do velho empalideceu e ele me encarou exclamando a plenos pulmões, “Defendam-se!”. De repente percebi, em pé ao lado de Stam, um amontoado de ossos reanimados que erguia seus dedos ósseos em forma de garras num movimento de ataque. Eu não estava totalmente desperto quando vi Stam ferido ao meu lado, e o esqueleto movia-se silenciosamente e tão devagar que demorei a notá-lo. A criatura, a luz da fogueira, não era mais que algumas linhas avermelhadas pintadas no fundo escuro da floresta. O que mais chamava atenção eram suas garras, sujas com o sangue de Stam.
Antes que eu pudesse reagir ao que estava acontecendo, Aisha colocou-se diante da criatura e, rápido como um raio, desferiu um golpe com sua espada. O ataque da mulher foi preciso como deveria, porém passou entre as costelas do esqueleto onde, em qualquer outra criatura, deveriam ficar o coração e os pulmões. O golpe conseguiu quebrar alguns ossos cinzentos da criatura, duas costelas, mas ela não pareceu sofrer danos e voltou sua atenção para Aisha. A espada da guerreira, num segundo golpe, descreveu um arco no ar e sua lâmina desceu rápido produzindo um breve assovio antes de atingir o crânio oco e a espinha do esqueleto, que então se esfacelou pelo chão.
Aisha, antes mesmo de terminar seu movimento de ataque, virou-se na direção de Krieger e Gauner. Eu acompanhei os olhos da mulher e vi, no limiar da luz da fogueira, os dois homens lutando com outros quatro esqueletos. Aisha voltou-se para mim e disse, “Cuide de Stam”, pouco antes de correr em auxílio dos guerreiros.
Eu não sabia o que fazer por Stam. Sua garganta sangrava muito e quando afastei suas mãos para examinar o ferimento o sangue jorrou por todos os lados. Benj, deseperado, chegou até seu irmão e debruçou-se sobre ele. Em seguida Greis fez o mesmo. Não havia tempo para mais nada, no entanto. Stam só conseguiu apertar a mão de Benj e encarar seu irmão uma última vez antes de fechar os olhos lentamente à medida que sua respiração cessava. Benj virou-se para mim com uma expressão de súplica e lágrimas começaram a brotar em seus olhos.
Aisha e os outros não demoraram a derrotar os demais esqueletos e logo se aproximaram de Stam. Assim que constataram a morte do rapaz sentiram o duro golpe da tragédia. Os irmãos viajavam com o grupo havia dois anos. Aisha e o velho Greis tinham um sentimento quase paternal pelos garotos. Stam e Benj eram apenas ajudantes, eles nunca se envolviam nas batalhas. Aisha jamasi perdera um companheiro em todas suas aventuras ao longo dos anos. Ela entendia bem os riscos que o grupo enfrentava, mas eram ela, Krieger e Gauner que deveriam pagar o preço dos perigos, caso fosse necessário.
Aisha e os guerreiros passaram horas discutindo o que havia acontecido e planejando o que fariam em seguida, enquanto eu cuidava do corpo de Stam e Greis consolava Benj. Gauner interrogou Krieger inúmeras vezes, e se culpava por não ter montado guarda ele mesmo. Gauner não entendia como aquele esqueleto passara por Krieger e porque o vigia não dera o aviso mais cedo. O problema fora que Krieger só avistara os esqueletos quando eles estavam muitos próximos do acampamento. As criaturas eram silenciosas demais e quase imperceptíveis entre as árvores. Seus ossos finos mesclavam-se com os galhos e arbustos da vegetação, de tal modo, que quando o guerreiro dera o alerta, ele já estava ao alcance das garras dos esqueletos. Aisha levantara-se imediatamente após o aviso do vigia, assim como Gauner. O batedor correra na direção de Krieger quando vira que o vigia começava a ser cercado por quatro esqueletos. A mulher avistara a criatura no acampamento, próximo a mim e a Stam, e partira para o combate. O esqueleto, desgarrado do bando, chegara despercebido e ferira Stam quando ele tentava se levantar. Aisha desferira o primeiro golpe quando a criatura ainda erguia as garras que recém cravara no pescoço de Stam. Fora por muito pouco que as coisas deram errado.
Terminada a discussão Aisha anunciou o que deveríamos fazer. Ela, Krieger, Gauner e eu iriamos seguir para a Caverna de Oldrin levando apenas mantimentos e alguns equipamentos que poderiam ser necessários. Benj voltaria a Atom com Benj levando o resto dos equipamentos e o corpo de Stam. Ainda estávamos todos muito abalados quando nos separamos e seguimos viagem. E foi muito triste ver Benj despedir-se de Aisha e retornar pela floresta escura com Greis. O velhote estava carregando uma pequena machadinha, para o caso de encontrarem outros esqueletos, mas eu desconfiava que, nas mãos de um velho, aquilo não bastasse.
Tão logo nós avançamos, eu encontrei um marco da antiga trilha que teria sido usada por Oldrin para chegar às montanhas. Dali até a caverna não levaria mais que algumas horas e deveríamos chegar antes do amanhecer se continuássemos no ritmo acelerado imposto por Gauner. Não encontramos mais nenhum esqueleto. E ao longo da caminhada Aisha e seus companheiros conjecturavam sobre o que deveríamos encontrar na caverna. A conclusão provisória a que chegaram foi que Oldrim tornara-se um necromante, e conseguira, de algum jeito, retardar a decomposição do cadáver de sua esposa, no intuito de ter tempo de encontrar uma maneira de ressuscitá-la. Os esqueletos deveriam ser fruto das experiências do feiticeiro e poderiam estar vagando há anos pela floresta e pelas montanhas. Aquelas suposições, em minha opinião, não faziam nenhum sentido, ainda assim, eu fiquei muito assustado com a possibilidade, mesmo que remota, de encontrarmos outras criaturas mortas-vivas na Caverna de Oldrim.
Ainda era noite quando chegamos às montanhas. A trilha que seguíramos terminava em frente a um monte baixo onde avistamos uma pequena elevação de terra e rocha, que formava uma espécie de rampa natural. A rampa ascendia até três formações rochosas que se escoravam numa alta parede de pedra e adornavam uma passagem estreita para o interior do monte. Ao avistar a entrada Aisha voltou-se para mim e para seus companheiros com um olhar pensativo. Era a Caverna de Oldrim.
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Além de Aisha e eu, nosso grupo era formado por mais cinco integrantes. Krieger, um homem alto e forte, era um típico soldado. Tinha cabelos castanhos raspados, olhos pequenos e uma expressão séria. Vestia uma armadura de malha que lhe cobria o tronco, os braços e terminava num saiote sobre as coxas, grossas calças de algodão num tom esverdeado, pesadas botas de couro e carregava uma espada larga nas costas. Ele parecia estar sempre atento a tudo que acontecia ao seu redor, mas ficava evidente, nas raras vezes que falava, que não era dotado de um inteligência muita elevada. Gauner, o batedor do grupo, tinha cabelos escuros, compridos na altura dos ombros, estatura mediana e era muito magro. Aisha demonstrava ter muita confiança em Gauner e os dois conversavam muito sobre as decisões que ela tomava. O batedor era o aventureiro mais experiente do grupo. Ele usava roupas simples que permitiam confundi-lo com um camponês não fosse por um corselete de couro de boa qualidade e uma dúzia de punhais escondidos em bolsos espalhados em suas vestimentas. O mais velho entre nós, um velhote chamado Greis, baixo, barrigudo, com ombros largos, que ostentava uma longa barba grisalha e alguns poucos cabelos brancos que ainda resistiam em suas têmporas e em sua nuca presos por uma trança, era um dos carregadores do grupo. E ele contava com a ajuda dos irmãos Stam e Benj, dois garotos jovens que houveram devotado suas vidas à Aisha havia dois anos, quando ela salvou os rapazes de uma pena de escravidão. O irmão mais velho tinha dezesseis anos, o mais novo apenas catorze. Ambos eram franzinos e destoavam completamente do restante do grupo. Eles pareciam mais deslocados do que eu em meio aqueles mercenários experientes com semblantes soturnos e olhares severos. Os irmãos tinham por tarefa carregar os equipamentos do grupo e auxiliar Greis no que fosse necessário.
Nas primeiras horas daquela noite nós caminhamos com firmeza e avançamos bastante em direção ás montanhas. Mas a Floresta de Nebel tornava-se cada vez mais densa e a escuridão sob as árvores era tão imperscrutável que a luz das tochas parecia minguar diante das sombras. Por isso, quando a lua já estava alta no céu, Gauner decidiu procurar um local adequado para que montássemos acampamento e então paramos. O velho Greis, depois de ser decidido que dormiríamos até o alvorecer, mandou que Stam e Benj encontrassem alguns gravetos e lenha para uma fogueira grande. Em seguida distribuiu alguns cobertores leves para todos e tratou de preparar uma refeição rápida com carne seca e farinha de milho. Krieger, Aisha e Gauner circularam as proximidades do local onde deveríamos passar a restante da noite. O batedor, ao retornar, disse ter encontrado rastros de animais nos arredores. Lobos, ele acreditava. Ficou decidido, então, que apenas ele, Aisha e o guerreiro montariam guarda e que o primeiro turno seria de Krieger.
Assim que a estranha, porém supreendentemente saborosa, comida preparada por Greis ficou pronta todos nos sentamos ao redor da fogueira e conversamos por alguns minutos. Depois da refeição e de algumas estórias sobre como Aisha e seus companheiros acabaram juntos, fomos todos dormir, com exceção de Krieger, que se afastou um pouco do acampamento e assumiu seu posto de vigia. Eu levei algum tempo até encontrar uma posição confortável no chão úmido e cheio de raízes da floresta, mas estava aquecido pela comida preparada por Greis e cheguei a imaginar que não era tão difícil viver como aqueles viajantes. A vida deles, até aquele momento parecia divertida, apesar de excêntrica. Não era, contudo, uma vida difícil. As longas viagens, os acampamentos, a falta de conforto, a comida rústica, não era um preço tão alto a pagar pela liberdade da qual gozavam. E envolto naqueles pensamentos adormeci, mas não demorou muito até eu ser despertado por um grito forte que disse, “Acordem!”. Em seguida, ainda sonolento, ouvi outro grito, desta vez um urro de dor. Levantei de súbito, olhei ao redor e fui tomado pelo pavor.
Stam acomodara-se alguns metros a minha direita e continuava lá, deitado com os olhos arregalados e com as mãos em torno do pescoço tentando conter um sangramento em sua garganta. Ele se esforçava para dizer alguma coisa, mas apenas movia os lábios sem emitir qualquer som. Ao lado dele estava seu irmão, balançando desesperadamente o velho Greis que parecia ainda estar dormindo apesar dos gritos e dos esforços de Benj. Assim que Greis acordou, virando-se para á esquerda a procura de Benj, o rosto do velho empalideceu e ele me encarou exclamando a plenos pulmões, “Defendam-se!”. De repente percebi, em pé ao lado de Stam, um amontoado de ossos reanimados que erguia seus dedos ósseos em forma de garras num movimento de ataque. Eu não estava totalmente desperto quando vi Stam ferido ao meu lado, e o esqueleto movia-se silenciosamente e tão devagar que demorei a notá-lo. A criatura, a luz da fogueira, não era mais que algumas linhas avermelhadas pintadas no fundo escuro da floresta. O que mais chamava atenção eram suas garras, sujas com o sangue de Stam.
Antes que eu pudesse reagir ao que estava acontecendo, Aisha colocou-se diante da criatura e, rápido como um raio, desferiu um golpe com sua espada. O ataque da mulher foi preciso como deveria, porém passou entre as costelas do esqueleto onde, em qualquer outra criatura, deveriam ficar o coração e os pulmões. O golpe conseguiu quebrar alguns ossos cinzentos da criatura, duas costelas, mas ela não pareceu sofrer danos e voltou sua atenção para Aisha. A espada da guerreira, num segundo golpe, descreveu um arco no ar e sua lâmina desceu rápido produzindo um breve assovio antes de atingir o crânio oco e a espinha do esqueleto, que então se esfacelou pelo chão.
Aisha, antes mesmo de terminar seu movimento de ataque, virou-se na direção de Krieger e Gauner. Eu acompanhei os olhos da mulher e vi, no limiar da luz da fogueira, os dois homens lutando com outros quatro esqueletos. Aisha voltou-se para mim e disse, “Cuide de Stam”, pouco antes de correr em auxílio dos guerreiros.
Eu não sabia o que fazer por Stam. Sua garganta sangrava muito e quando afastei suas mãos para examinar o ferimento o sangue jorrou por todos os lados. Benj, deseperado, chegou até seu irmão e debruçou-se sobre ele. Em seguida Greis fez o mesmo. Não havia tempo para mais nada, no entanto. Stam só conseguiu apertar a mão de Benj e encarar seu irmão uma última vez antes de fechar os olhos lentamente à medida que sua respiração cessava. Benj virou-se para mim com uma expressão de súplica e lágrimas começaram a brotar em seus olhos.
Aisha e os outros não demoraram a derrotar os demais esqueletos e logo se aproximaram de Stam. Assim que constataram a morte do rapaz sentiram o duro golpe da tragédia. Os irmãos viajavam com o grupo havia dois anos. Aisha e o velho Greis tinham um sentimento quase paternal pelos garotos. Stam e Benj eram apenas ajudantes, eles nunca se envolviam nas batalhas. Aisha jamasi perdera um companheiro em todas suas aventuras ao longo dos anos. Ela entendia bem os riscos que o grupo enfrentava, mas eram ela, Krieger e Gauner que deveriam pagar o preço dos perigos, caso fosse necessário.
Aisha e os guerreiros passaram horas discutindo o que havia acontecido e planejando o que fariam em seguida, enquanto eu cuidava do corpo de Stam e Greis consolava Benj. Gauner interrogou Krieger inúmeras vezes, e se culpava por não ter montado guarda ele mesmo. Gauner não entendia como aquele esqueleto passara por Krieger e porque o vigia não dera o aviso mais cedo. O problema fora que Krieger só avistara os esqueletos quando eles estavam muitos próximos do acampamento. As criaturas eram silenciosas demais e quase imperceptíveis entre as árvores. Seus ossos finos mesclavam-se com os galhos e arbustos da vegetação, de tal modo, que quando o guerreiro dera o alerta, ele já estava ao alcance das garras dos esqueletos. Aisha levantara-se imediatamente após o aviso do vigia, assim como Gauner. O batedor correra na direção de Krieger quando vira que o vigia começava a ser cercado por quatro esqueletos. A mulher avistara a criatura no acampamento, próximo a mim e a Stam, e partira para o combate. O esqueleto, desgarrado do bando, chegara despercebido e ferira Stam quando ele tentava se levantar. Aisha desferira o primeiro golpe quando a criatura ainda erguia as garras que recém cravara no pescoço de Stam. Fora por muito pouco que as coisas deram errado.
Terminada a discussão Aisha anunciou o que deveríamos fazer. Ela, Krieger, Gauner e eu iriamos seguir para a Caverna de Oldrin levando apenas mantimentos e alguns equipamentos que poderiam ser necessários. Benj voltaria a Atom com Benj levando o resto dos equipamentos e o corpo de Stam. Ainda estávamos todos muito abalados quando nos separamos e seguimos viagem. E foi muito triste ver Benj despedir-se de Aisha e retornar pela floresta escura com Greis. O velhote estava carregando uma pequena machadinha, para o caso de encontrarem outros esqueletos, mas eu desconfiava que, nas mãos de um velho, aquilo não bastasse.
Tão logo nós avançamos, eu encontrei um marco da antiga trilha que teria sido usada por Oldrin para chegar às montanhas. Dali até a caverna não levaria mais que algumas horas e deveríamos chegar antes do amanhecer se continuássemos no ritmo acelerado imposto por Gauner. Não encontramos mais nenhum esqueleto. E ao longo da caminhada Aisha e seus companheiros conjecturavam sobre o que deveríamos encontrar na caverna. A conclusão provisória a que chegaram foi que Oldrim tornara-se um necromante, e conseguira, de algum jeito, retardar a decomposição do cadáver de sua esposa, no intuito de ter tempo de encontrar uma maneira de ressuscitá-la. Os esqueletos deveriam ser fruto das experiências do feiticeiro e poderiam estar vagando há anos pela floresta e pelas montanhas. Aquelas suposições, em minha opinião, não faziam nenhum sentido, ainda assim, eu fiquei muito assustado com a possibilidade, mesmo que remota, de encontrarmos outras criaturas mortas-vivas na Caverna de Oldrim.
Ainda era noite quando chegamos às montanhas. A trilha que seguíramos terminava em frente a um monte baixo onde avistamos uma pequena elevação de terra e rocha, que formava uma espécie de rampa natural. A rampa ascendia até três formações rochosas que se escoravam numa alta parede de pedra e adornavam uma passagem estreita para o interior do monte. Ao avistar a entrada Aisha voltou-se para mim e para seus companheiros com um olhar pensativo. Era a Caverna de Oldrim.
Nota do autor.
Saudações companheiros do blog, especilamente Alexandre e José, que comentaram minha última postagem.
Eu gostaria de deixar aqui, alguns esclarecimntos, em atenção aos leitores dos meus contos - que, espero, sejam muitos, rsrsrs.
Primeiro, para o Alexandre, quero pedir desculpas pelo atraso da postagem. Eu tenho procurado postar em duas terças-feiras consecutivas, com um intervalo de duas semanas, mas acabei perdendo o prazo nesta última e postando na quarta-feira. Contudo, me comprometo a postar a Parte 3, a última, do conto A Caverna dos Esqueletos, na sexta-feira. Aguarde aí.
Segundo, para o José, garanto que no futuro colocarei os contos em uma única postagem. O problema do conto A Caverna dos Esqueletos, é que se tratava de um texto muito extenso e antigo, que exigiu muita revisão. Originalmente ele tinha dez páginas e eu decidi resumir um pouco retirando alguns trechos desnecessários. Mesmo assim, eu ainda achei muito extenso para uma única postagem e dividi em três partes. Além disso, eu optei por ir postando a medida que terminava a revisão, para não deixar minha contribuição para o blog muito parada. Mas este conto é um caso a parte.
Por fim gostaria de agradecer os comentários, o interesse e apreço de todos que têm lido meus contos. Vou continuar escrevendo e espero produzir sempre textos divertidos.
Abraço. J.