Contos e traços para Nephalin - A Falange dos Esquecidos



Além do cenário em si, estamos planejando contos e HQ's sobre o Nephalin - A Falange dos Esquecidos - como meios de enriquecer essa vasta possibilidade de campanha. Aqui um dos primeiros traços que criamos, um Bastião dos Céus, os Nephalin de Inclinação Celestium, guerreiros filhos de Miguel. E em seguida um trecho de um dos contos que estamos desenvolvendo, ainda em forma de rascunho. Vale a pena conferir.



Um Bastião dos Céus entre sombras de medo e terror

As coisas estavam suspensas no ar naquele momento. Carlos, de nome Erub, como era chamado na vida passada que lembrara, ficara atônito como se tivesse levado um soco na boca do estômago e ficado por alguns segundos sem ar. Estivera fora do Patronum que defendia por uma semana para tratar de assuntos em Israel, quando do ataque de Últimos Juízes realizado da Palestina, visando inflamar mais ainda os conflitos que se iniciaram na Tunísia contra os Diluvian e que tomaram quase todos os países Árabes, em um dos melhores momentos da história para os Juízes.


A sua frente, aquela cidadela que ajudou a sair da condição de algumas casas de pescadores, se tornara um ambiente deserto e fantasmagórico; a lua iluminava a areia que batia em sua calça, em um vento vindo junto com as ondas que anunciavam tempo bom para a pesca. Algumas casas ainda tinham alguns focos do fogo que consumira o local. Tinha certeza do que ocorrera ali.



A região em que a vila estava, Altamira, era um forte Patronum da Ordem Real do Estandarte de Bartolomeu e responsabilidade dos Bastiões dos Céus que se arganizavam na mesma; nos últimos anos, começara um feroz ataque dos Filhos de Lúcifer. A grande tática deles veio com o projeto de construção da Usina de Belo Monte; agora, ribeirinhos e pescadores, indígenas e moradores, fiéis aos olhos cristãos, estavam sendo expulsos de suas terras, e quem resistia era preso ou tirado a força. Se formara uma verdadeira guerrilha entre Bastiões e Serviçais da Luz Perpétua na região.



Lembrando de tudo isso, Erub seguiu em frente, sentiu calafrios e uma energia maligna. Algumas casas possuíam marcas de rituais, queimadas de forma que quem não conhecesse daria simplesmente como marcas de brasa. O medo em seu coração crescia, e precisou buscar em seu Spiritum iniciativa para dar cada passo de cada vez. Havia enfrentado alguns Diluvian e soldados Humanos do exército israelense, mas estava acompanhado de uma Guarnição. Sabia que agora estava sozinho, e lembrava das histórias sobre o que os Serviçais costumavam deixar para trás após seus serviços.



Ao atravessar a passagem principal do local, que terminava em um ramal adentrando a mata, os ventos que batiam ali, cessaram. Ouviu grunhidos e sussurros as suas costas. Sentiu o suor frio descendo pelo colarinho de sua camisa fina comprada no aeroporto de Belém. Algumas orações começou a entoar, o que foi minimizando seu temor; relampejos de guerras vieram a sua mente, e sentiu sua adrenalina inflamando. Escutou algo vindo em sua direção, agora com velocidade, as folhas e galhos denunciavam.



Erub viu o Espectro se contorcendo como um desgraçado queimando no Inferno. A Sombra que se confundia com as casas queimadas não resistiu ao golpe de um pedaço de madeira Tocada com o Spiritum guerreiro de Erub, que foi retirado da casa ao seu lado, e usado para apunhalar a criatura após um giro do Bastião. Mas das outras casas onde haviam símbolos ritualísticos, viu sair pelas portas Sombras de diferentes formas; então retirou seu Legado do suporte que escondia debaixo de uma das pernas da calça, a faca de madeira famosa por ter uma lâmina, e ter sido uma das usadas para apunhalar Caio Júlio César. Então ferozmente lutou, com a fé que o movia e o ódio pelo que provavelmente fizeram com seus irmãos e os Humanos que protegiam. Mas estava em desvantagem, e o ramal as suas costas era sua única saída contra ela.


O jovem Filho de Miguel já estava a pouco mais de 2 horas em corrida entre a densa mata da região; não era um expert em sobrevivência, mas abrir Patronum no interior da Amazônia necessitava de alguma vivência nesse tema. Quanto mais adentrava a floresta, mais densa ficava; não tinha habilidade nenhuma em Mediunidade, mas qualquer um podia sentir, entre o barulho das cigarras e o escorrer do igarapé próximo, as lamúrias e sussurros dos mortos que agora habitavam a região; a escuridão era sua única companhia, olhava para trás e tinha a impressão de ver seus perseguidores. Parava e fixava o olhar as suas costas, esperando a qualquer momento algo vindo em um salto sair do breu que o acompanhava. Tentava ao máximo controlar sua Distinção  para dificultar ser encontrado; sentiu medo e muita raiva ao mesmo tempo, o que fazia esquecer a fome e o cansaço que já se destacavam em seu organismo. 

Erub chegou em uma casa de pau a pique, com um forno de farinha aparentemente abandonado. Tentou abrir a porta mas estava trancada por dentro. Ele forçou, e tentou arrombar com uma corrida e o ombro; deu uma batida; em sua segunda tentativa a porta se abriu antes de ele a tocar, e caiu com o rosto no chão da casa. Ainda com pó no rosto, sentiu o ferro gelado em sua nuca. - Estou com um revolver carregado aqui. Sua Distinção foi notada. Diga quem é e se apresente. Pensou que se fosse um Serviçal Estava morto. Hesitou um pouco, mas aos Bastiões era ensinado a dignidade e orgulho mesmo diante da morte terrena: 
-Sou Erub, Filho de Miguel e do Criador, da Casa do Estandarte de Bartolomeu; se és um inimigo me mate, mas saiba que meus irmãos me vingarão, e voltarei dos confins da morte para arrancar a cabeça dos teus, em nome de meu Senhor. 

A arma saiu de seu pescoço e com um puxão pelas roupas, o ameaçado estava de pés de novo. 
- Que bom que voltastes irmão - Falou um homem baixo e forte, com músculos moldados pelo extenuante treinamento dos Bastiões. Aliviado, Erub corresponde: 
- Josefá! o que houve aqui?  
- Eles vieram com força, os Filhos de Satã estão controlando a polícia e o exército dos EUA que instalou uma base aqui, para dar ordem na construção da tal usina. Estão varrendo vários vilarejos, enfraquecendo nosso Patronum aqui. Hamad foi morto e levado junto com Ester, enquanto que muitos Humanos morreram e seus corpos removidos pelos soldados... 

Um grande pesar se abateu sobre o Spiritum de Erub; Amava seu irmão Hamad e logo se casaria com Ester. Lágrimas lhe vieram e sentiu vontade de gritar, mas poderia atrair aquelas criaturas que estavam lhe perseguindo. De repente, o silêncio tomou conta por um movimento de Josafá tapando a boca de Erub. Os ruídos da floresta se expandiam; os mortos falavam; e atrás da porta, sentia o vapor quente remanescente de um fogo que não se apagava. Assustado, falou Josafá muito baixo: 
- Eu os vi lá fora; são muitos, deixados para trás pelos Serviçais para matar quem voltasse para a cidadela. Estamos sozinhos Erub, e vamos morrer como os outros... 
– Erub limpou as lágrimas, deu um tapa no irmão e olhando em direção a porta, esbravejou em alto e bom som, como quem esconjurava o medo que pairava no ar: 
- Nós somos os Bastiões dos Céus, os derradeiros soldados do Primeiro! Nossos inimigos que nos temam, sintam o pavor de nossa luz queimando seus olhos, de nossas espadas brandindo sob suas cabeças, de nosso Spiritum crescendo em fúria e força, e quando andarmos pelos vales das sombras e da morte não restará pó sobre pó! 

Aquele que temia se restabeleceu, e enquanto ouviam os gritos abomináveis dos Espectros que cercavam a casa e não podiam entrar por um ritual realizado por Josafá, o mesmo segurou firme a fina vara que estaria mais para um objeto de guiar cavalos, mas era um Legado poderoso feito de uma vara dos pastores do sul da Babilônia; quando bem usado, seu toque nos inimigos causava cortes sutis mas que queimavam como o sol. E Erub empunhou sua faca e o pedaço de madeira que ainda estava consigo, e tornou duro como diamante, duro como seu Spiritum. Ambos invocaram Manifestações, e a coragem invadiu suas veias. 
- O que faremos irmão? – Perguntou o que estava escondido, agora com a determinação vinda de Erub e certeza da possibilidade da vitória. O que havia presenciado lhe deixara abalado, e tinha bem menos experiência do que quem voltava de uma guerra Humana. 
- Vamos recuperar o corpo de Hamad e lhe dar as honras, resgatar Ester e organizar uma poderosa Guarnição - E com um pé na porta, Erub a derrubou, e a frente daqueles Bastiões, dezenas de Espectros – Assim que expurgarmos essas Sombras para o local de onde vieram.  E aquela noite seguiu, com o medo e terror espreitando cada canto das matas da região...


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